[Resenha] Lugares Escuros



Autor: Gillian Flynn
Páginas: 352
Editora: intrínseca
Ano: 2015
Nota: 5/5
Libby Day tinha apenas sete anos quando testemunhou o brutal assassinato da mãe e das duas irmãs na fazenda da família. O acusado do crime foi seu irmão mais velho, que acabou condenado à prisão perpétua.
Desde aquele dia, Libby passou a viver sem rumo. Uma vida paralisada no tempo, sem amigos, família ou trabalho. Mas, vinte e quatro anos depois, quando é procurada por um grupo de pessoas convencidas da inocência de seu irmão, Libby começa a se fazer as perguntas que até então nunca ousara formular. Será que a voz que ouviu naquela noite era mesmo a do irmão? Ben era considerado um desajustado na pequena cidade em que viviam, mas ele seria mesmo capaz de matar? Existiria algum segredo por trás daqueles assassinatos?
Gillian Flynn intercala a trajetória detetivesca de Libby com flashbacks dos acontecimentos do dia dos crimes com tanta habilidade que o leitor é levado a diferentes direções. Escrito com primor, Lugares Escuros não só mostra como a memória é passível de falhas, mas também evidencia as mentiras que uma criança pode contar a si mesma para superar um trauma. 

Lugares escuros conta a história da família Day, uma família um tanto quanto conturbada e com problemas financeiros que foi vitima de um massacre. O livro divide-se três núcleos, o de Libby que tinha sete anos quando sua mãe e duas irmãs foram brutalmente massacradas, sendo o único núcleo em primeira pessoa e no presente e o da mãe, Patty, morta no massacre e de Ben, o irmão mais velho, ambos em terceira pessoa no passado. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi realmente essa divisão de capítulos que se assimila muito com a usada por Gillian em garota exemplar.

“Os Day eram um clã que poderia viver à beça
Mas Ben Day perdeu a cabeça
O poder de Satanás o garoto queria
E matou a família em meio a uma gritaria
Da pequena Michelle torceu o pescocinho
Depois de Debby fez picadinho
A mãe, Patty, guardou para o final
E, sem piedade, em sua cabeça deu um tiro fatal
A bebê Libby conseguiu viva permanecer
Mas passar por aquilo de modo algum é viver.
– Cantiga de Roda, Circa 1985”

Eu realmente não esperava muito desse livro, quis ler / ter mais por instinto e amor a autora do que por confiança na historia, o que aconteceu porque eu fui burra o suficiente para assistir o filme primeiro e diga-se de passagem isso nunca é uma boa, mas para minha surpresa, ou não, o filme ao contrario do que aconteceu com garota exemplar não honrou nem um pouco o livro. 

"Eu tenho a maldade dentro de mim, tão real quanto um órgão." - Libby Day 

Em momento algum eu consegui enxergar Libby como uma mulher malvada tal como ela mesma se sente e se descreve, nem tão pouco vi essa maldade que ela mesma citou, para mim ela lembra muito a mãe e é bastante solitária, confusa e depressiva apenas, o que se espera de qualquer pessoa que teve a família brutalmente assassinada aos sete anos de idade e cresceu indo de lar em lar. 
Dentre os três núcleos o de Libby foi o melhor talvez por isso tenha ganhado mais capítulos intercalando-se dentre os dos demais personagens, enquanto as passagens de Ben foram um pouco entediantes, ele era um garoto de 16 anos bastante carente que se tornou um homem inconsequente quando conheceu sua namorada Diondra e o amigo dela Trey.
Por outro lado, a mãe Patty me fez sentir pena dela, ela tentou o tempo todo dar o melhor de sí para não deixar os quatro filhos passarem fome, Ben era um tipico adolescente problemático, enquanto as meninas eram brigonas e curiosas, principalmente Michelle que estava sempre deixando a mãe irritada.
O livro é bem detalhista talvez por isso mesmo após ter visto o filme tenha me surpreendido tanto. Depois de ler o maravilhoso garota exemplar e me apaixonar por Amy Dunne e me surpreender com o confuso eletrizante objetos cortantes eu não esperava gostar tanto de lugares escuros quanto gostei apesar de acreditar cegamente no talento de Gillian Flynn para criar suas personagens femininas nada normais, o que para mim é o principal traço da autora.
O final do livro me deixou bem surpresa, mesmo já tendo visto o filme o detalhamento com o qual o final foi descrito no livro foi intenso e chocante, não consegui de ler até concluir a leitura.




"Só queria ser uma mulher qualquer, voltando para casa em Lá Em Cima Por Ali" - Libby Day

6 comentários:

  1. Essa autora é incrível,adorei a resenha. O livro já está na minha "listinha" ��

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  2. Tô louco pra ler esse livro! Li "Objetos Cortantes" e me apaixonei pela autora!
    Ótima Resenha. parabéns!

    http://estantelivrainos.blogspot.com.br/

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  3. Quero muito ler esse livro! Depois que li "Garota exemplar", estou louca por todos os livros dela! *_*

    Seguindo o blog!
    Beijos,
    http://postandotrechos.blogspot.com.br/

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